quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Testamento

“ Se eu partires hoje, não deixaria nada de valor, a não ser quem eu fui.
Não gostaria de se enterrada, e sim, cremada. Onde minhas cinzas o vento levaria para um lugar qualquer...
Meus pertences pessoais, que não forem úteis para vocês, deem todos, todos para as minhas amigas, exceto os presentes que dele eu ganhei; se vocês não quiserem, simplesmente guarde-os. Minhas fotos, se não for dolorido de mais, as mantenham intactas, como eu sempre gostei, com muitos sorrisos.
Por favor, não me leve flores. Se não me deste em vida, não precisa me presentear em morte. Mas, se achar necessário, não gaste dinheiro com elas. Compre apenas uma rosa, que são as minhas favoritas, jogue seu caule em um lugar verde qualquer e a despetale,  as pétalas jogue em algum lugar bonito, em algum lugar que lhe traga paz, pois a paz também irá me trazer; e se sentires uma leve brisa em seu rosto, não se assuste, é apenas eu agradecendo o seu carinho.
Talvez, meus familiares encontrem guardado algumas paixões antigas, que o tempo a muito levou, todas essas paixões tem nomes, e se os nomes delas encontrarem, por favor, deixem elas disso saberem, pois em vida nunca tive coragem para isto fazer.
Agora, o meu amor, este sempre foi declarado e nunca houvera nada a esconder ou temer. Meu grande Homem, meu Homem com H maiúsculo, este sim foste meu grande amor. Pode ser que eu não tenha sido a sua vida, mas fui uma porcentagem dela, e desta porcentagem eu peço que guarde com carinho. Por favor, peço para que viva sem mim, já que o destino assim quis, mas que não seja esquecida. Guarde minhas cartas de amor, nossas fotografias, meus presentes e meu sorriso em sua lembrança. Guarde tudo com muito carinho, e se um dia sentir saudades, abra-a com o mesmo carinho que as guardou. Quando tiveres filhos, se tiver coragem, mostre para eles o quanto eu era apaixonada por você e que um dia você fora feliz ao meu lado. Respeite o meu tempo, e saiba que eu sempre cuidarei de você, e quando for o momento certo, deles também cuidarei.
A todos que aqui deixei, solicito que vivam bem, não deixem de se alimentar, sorriam e parem de chorar. Eu sei que, para muitos, farei falta sim, mas isto não quer dizer que com vocês não estarei. Lembre-se, em seus corações há um cantinho meu, e isto faz com que eu esteja sempre presente.
Peço que fiquem em paz, para que em paz eu possa ficar também.” 

domingo, 15 de setembro de 2013

Delírios de amor.

Eramos tão jovens, e ambos só tinham dois fieis compromissos: serem felizes e se amarem, e entregar-se de corpo e alma um para o outro.
Lembro-me como se fosse ontem a nossa primeira noite de amor... Eu precisava apenas do brilho dos seus olhos e nada mais para me iluminar. Mas mesmo assim, você tão delicado e romântico, soube cuidar dos mínimos detalhes; a meia luz do quarto, a música romântica tocando no rádio, o seu jeito a me tocar e me conduzir aos delírios do amor. Você traduziu-se na palavra perfeição, foi tudo tão perfeito, foi tudo tão bonito, tão intenso, que os meus olhos não resistiram. Lágrimas brotaram do fundo do meu coração, lágrimas de felicidades, lágrimas de paixão.
(...)
Nós não tínhamos dia, nós não tínhamos horário, quando o assunto era amar. Bastava um olhar para você despertar o meu desejo. Em uma tarde de Agosto, sozinhos em casa, você cercado pelos seus livros, eu usando o seu moletom e enlouquecida com alguns cálculos, decidi largar as exatas de mão para, quem sabe, descansar. Você sempre muito cuidadoso, apagou o abajur que refletia a luz sobre meu rosto e deu-me um beijo de bom descanso, aquele beijo representando muito mais do que isto, mostrou-me o quando era bom te amar e esquecer tudo o que me faz estressar. Nada mais importava naquele momento, os cálculos em minha cabeça já estavam a se misturar, e você cansado de programar e planejar, resolveu me amar, e me amou, me amou tão intensamente que nós juntamente com o mundo dávamos voltas. Um bom abraço, um bom carinho, um bom sexo, numa tarde fria de agosto, foi perfeito somente com você.
(...)
A intimidade com o tempo foi aumentando, nós dando a liberdade de ousar e abusar de nossos desejos.
Nunca ousamos uma vez se quer, nem mesmo com outra pessoa antes, e aquela noite, quente de inverno, não nos deixou outra escolha. Em meio a multidão nos olhávamos, loucos para que daquela multidão restasse somente nós dois, quatro paredes e uma cama de solteiro. Entramos em seu quarto nos beijando enlouquecidamente, nos abraçando forte, ao ponto de soltarmos somente quando você tocou-me em sua cama, o puxar da camisa rápido, a vontade louca de se amar e a música no rádio a tocar; em um piscar de olhos e no meio de meias palavras, já estamos dançando no quarto, nus, nos abraçando e rodando, até cair novamente ao meio dos lençóis. Nada nos fazia parar, até mesmo quando exaustos, nos olhávamos, riamos e nos abraçávamos, e começava tudo de novo, mas agora, diferente. Uma risada de canto, um olhar de malícia, um tocar diferente, no teu quarto, de quatro, sentindo seus lábios em meus quadris e um prazer a mais, uma vontade enlouquecedora de gritar para o mundo o quanto de prazer você me fazia... E assim nossa noite parecia nunca terminar, até os primeiros raios de sol invadirem o quarto pela janela semi-aberta, que nos faziam adormecer, em meio ao nosso amor.
(...)



terça-feira, 13 de agosto de 2013

O colorido na escuridão

Era como se fosse cega. Tinha as vistas negras, só enxergava o escuro, e dizia que assim vivera bem. 
Não via o mundo por imperfeição natural... não via o mundo porque o mesmo havia se tornado uma imperfeição. E isso tornou-se parte de si. 
Por nunca querer ver as imperfeições do mundo, acabou enxergando nada mais, nem mesmo o que belo era na vida, e isto a entristeceu. 
Ela era linda como a flor e encantadora como o desabrochar da aurora, mas era sozinha, pois nunca houvera provado do amor. 
Esgotada do ritmo de vida que levava, resolveu buscar o novo, encontrar cores, buscar formas, ver a luz. Mas, por mais que quisera ver seus olhos brilharem, já não brilhavam mais, não sem as verdades do universo. 
Muitos cidadãos tinham pena da garota das vistas negras, entretanto, ninguém sabia como ajudá-la. 
Mesmo desabilitada da sua visão, gostava muito de passar, tocar nos espaços e objetos para conhecer suas dimensões, sentir o aroma, apreciar o sabor, mas, mesmo com essas percepções, nenhuma imagem aparecia em sua mente. 
Em uma tarde de Setembro, sentada sozinha sem poder visualizar o sol que aos poucos desaparecia e dava espaço para as escuras nuvens, molhou-se com a chuva; um jovem rapaz, que voltara do campo com rosas recentemente colhidas, encontrou a moça inquieta sentado no banco, sem conhecê-la pegou-a pela cintura e a levou para o primeiro refugio que encontrou. A moça, espantada com a atitude do rapaz perguntou se a conhecera, o rapaz impressionado com sua pergunta disse que não fazia ideia de quem a fosse, mas que ao ver sua beleza ficaste encantado, e quisera ajudar. Ele morava em uma fazenda próxima a cidade, era dono de um roseiral, e estava fazendo uma entrega de emergência para uma floricultura próxima dali. Entretanto, ele não conhecia sua história, e ela a ocultara.  
Ambos começaram a encontrar-se secretamente, a conhecer-se melhor. Suas almas foram se entrelaçando, criando um laço de forte apreço. Em seus passeios ocultos conversavam muito, ele contara sobre suas rosas, seus perfumes, cores e formas. Falava como era apaixonado pelas suas flores, enquanto ela sempre fugia de sua história. Ela queria vê-lo, saber quem era o moço de cabelos sedosos e pele macia que tanto a apreciava. Passeando entre suas flores que despertava a paixão, ele dissera o quão estava apaixonado por ela, mesmo ela sendo um enigma para ele. Neste momento, a moça sentiu seu coração palpitar com mais intensidade, e pela primeira vez enxergou uma leve borboleta azul voando em meio ao roseiral iluminado pelo sol, o que trasladou seu olhar para os olhos verdes daquele misterioso rapaz que a despertara para o amor. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Pétalas caídas

Estou deitada em meu quarto, afundada em minha cama e ao redor tudo parece girar. Dá janela observo a escuridão que está lá fora e me acompanha. De repente vejo uma estrela brilhar e isto me permite sonhar. Fecho os olhos para a escuridão completar, e mergulho de cabeça em nossos sonhos. Deparo-me com uma cena que aconteceu, nós estamos rindo, você puxava-me pela mão para debaixo das estrelas, era uma noite quente, você usava uma bermuda qualquer enquanto eu vestia uma vestidinho florido que você adorava, e nós dançávamos sob aquela constelação, sonhávamos alto, tínhamos os pés nos chão. Você dizia que encantava-o e que a lua sentia-se envergonhada perto do meu brilho. Meus olhos brilhavam como as estrelas, mas brilhavam por amor. Eu tanto lhe amava, e você me amava também.  Assisto a cena novamente, ao final da valsa tocada ocultamente você me abraçou, arrancou uma rosa do jardim e a colocou em meu cabelo, tão delicado, tão romântico, tão apaixonado; tão meu... Infelizmente a Lua chora por não ser mais testemunha do nosso amor. O encanto acabou, seu amor acabou, minha vida acabou. Querendo viver eternamente essas lembranças, abro meus olhos lentamente, e no meio da escuridão, olho para o lado, iluminada encontro a rosa, com as pétalas secas e caídas, que você naquela noite me presenteou. 



quarta-feira, 13 de março de 2013

Termômetro do amor ...



Já pensaste em um Termômetro do Amor? Pois então, agora pense... Ele mede o quanto você é apaixonado por alguém. Entretanto, nós pensamos que sabemos o quanto gostamos de tal, mas a verdade é que não, nós não sabemos. Mas você deseja saber mesmo o quanto ama uma pessoa? Imagine a mesma deitada em um caixão, morta... Isso mesmo, imagine ela morta, onde não retornará mais para a sua vida e existirá apenas em seus sonhos e pensamentos. 
Mas, neste momento, eu queria que você direcionasse este termômetro a mim. 
Muitas vezes pensei em me despedir, mas não uma despedida singular, direcionada a uma pessoa, como um adeus ou um até breve, com pessoas que eu sei que daqui a dois ou três  dias eu encontrarei na esquina, ou quem sabe daqui um mês tomasse um drink qualquer em uma mesa de bar, ou que eu parasse em sua cama em uma noite perdida na saudade, porque não? 
Mas hoje, eu me refiro a uma despedida para sempre, como se nada tivesse volta, como se eu não tivesse volta, como se a única volta que acontecesse fosse as minhas lembranças. 
Sempre tive medo de me despedir da vida, sem me despedir de você. E este "você" não significa apenas uma pessoa, mas sim, todas as pessoas que frequentaram a minha vida, que passaram por ela, que cruzaram comigo em uma rua qualquer, ou que me deram um beijo no meio da rua. Sabe? É disto que eu tenho medo, medo de esquecer de me despedir de alguém tão especial, que no momento, por falta de memória ou pela ausência de tempo,não recordo-me. Ou talvez, por eu ter que despedir-me em questões de segundos. 
A vida as vezes é assim, se você parar para pensar, assustadora. Um dia estou fazendo você feliz, e no outro eu posso não mais voltar, não mais existir, fisicamente. Mas eu sei que dentro de você, por muito tempo ainda irei viver. 
Por isto que eu sempre digo, não deixe a magoa e o ódio predominar em seu coração. Se tiver vontade de chorar, chore. Se quiser sorrir, sorria. Não tenha medo de ser feliz, não tenha medo de chorar, não tenha medo de abraçar, amar, se apaixonar. Não tenha medo de sair correndo e pular para os braços de alguém, não tenha medo de dizer que estava com saudades, que sentia a sua falta. Não tenha medo de enfrentar suas dificuldades, não tenha medo de falhar; tenha medo de não tentar. Seja você, transforme-se na pessoa que você deseja ser. Faça as pessoas que você ama feliz, e nunca vá embora com uma lágrima em seu olhar, pois esta lágrima pode ser a última lembrança que você deixará. Deixe eu ir embora sorrindo, e lembre-se de mim sempre assim. 
E por favor, deixe eu te amar, sem medo do que os outros irão pensar, pois amanhã o único pensamento que poderá lhe julgar será o seu. 
E nisto, eu fico a imaginar... Será que eu não farei falta para você? Ou quem sabe, daqui a trinta anos, você ainda se lembrará do meu sorriso como se eu estivesse passado a tarde ensolarada de ontem com você? Isso, somente o termômetro do amor será capaz de responder. 




terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Quarto escuro ...


Quem nunca teve um momento em um quarto escuro, sozinho ou acompanhado... Na calada da noite, no meio da madrugada ou em um intenso dia ensolarado. Um quarto escuro, um momento para pensar, um momento para refletir, um momento para rezar... Este quarto pode ser nosso melhor diário, nosso organizador de ideias e sonhos. Nele podemos passar nossos melhores momentos; relembrar nossos melhores momentos... 
Um quarto escuro, um momento tão meu, um momento tão nosso... Dentro dele podemos viver nossos melhores momentos de solidão, ou então, nossos melhores momentos juntos. Tanto escuro como à luz de velas ele pode nos emocionar, nos tocar, nos transformar. 
Neste quarto escuro escutando nossas melhores músicas, lembrando nossos melhores momentos, revivendo nossas melhores histórias, ou até mesmo, tentando esquecer todas elas... 
Um quarto escuro, muitas vezes é a solução para todos os nossos problemas!