quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Mais uma dose

Era uma noite de um sábado qualquer, quando encontro-me em um bar, sentada em um balcão com uma dose de Whisky à minha frente. Penso em como aqui vim parar e logo lembro-me de que estava em casa, solitária, quando simplesmente olhei para o lado e encontrei a nossa foto, ainda exposta na sala de estar. Estávamos neste mesmo bar, brindando sem data especial. De repente o garçom larga à minha frente um copo de Caipira, a mesma a qual eu bebia a priori quando saíamos para jantar. Logo mencionei que não havia feito este pedido, quando, ao olhar para o outro lado do balcão, encontro você com a mesma dose, levantando o copo como quem comigo quer brindar. Retribuo o brinde distante e você se aproxima. Engraçado, pois mesmo estando destruídos por dentro, em nenhum instante demostramos isto. Principalmente quando estávamos sós. Engraçado a curiosidade de ambos para saber o motivo de termos ido ao mesmo bar, na mesma noite e sem objetivos maiores. Talvez seja o destino brincando conosco. Talvez. Entre uma dose e outra, um brinde e uma risada, a noite calava-se. Já estava na hora de ir para casa, ao menos isto achei. Acredito que você também. Saímos juntos do bar. Você pagou a 'nossa' conta e nos dirigimos para o estacionamento. Um Adeus, um beijo lentamente no rosto, uma risada quase constrangedora. No próximo quarteirão vi que o seu carro estava atrás do meu, dando-me sinal de luz, cegando-me. Cruzou-me e trancou a rua. Então você desceu com aquele sorriso que me faz perder o chão e chegou ao meu vidro: "Me segue". Obviamente que comecei a rir, fechei o vidro; e o segui. Chegamos ao seu apartamento e estacionei o carro na suposta vaga que ainda me pertencia. Riamos, não sabíamos se era o efeito do álcool ou o efeito da saudade que também nos embriagava. Entramos no elevador, um em cada lado, quando simplesmente nos olhamos e eu saltei em seu colo. O beijo molhado, suas mãos firmes a segurar o meu cabelo. No seu apartamento nos amamos enlouquecidamente. Com imensa intensidade que parecia a primeira e - também -  a última vez que nos encontraríamos. E talvez fosse mesmo. Dormi em seus braços. Pela manhã, quando o sol timidamente começou a expandir seus primeiros raios, levantei-me silenciosamente. Vestindo-me admirava você, que ainda dormia levemente - como um anjo de cabelos encaracolados. Ao sair, encontrei a nossa foto em cima do sofá. Acredito que este tenha sido o motivo de ter lhe levado naquele bar. O mesmo que o meu. Coincidência? Não sei. Mas fui-me embora com a sensação de que nunca mais voltaria...

"Ela dormiu no calor dos meus braços. E eu acordei sem saber se era um sonho...."

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Vulcão de sentimentos

Sentimos uma eletricidade no momento em que nossas mãos se encostam, sem querer, por um instante. 
Quando nos cumprimentamos, com um abraço leve e um simples beijo no rosto, sentimos vontade de nos abraçar de verdade, com força e intensidade, e de nos beijar com ternura. Sentimos vontade de largar o mundo, ativar o modo "foda-se" e viver juntos. Mas, nada disso fizemos. Seguimos em frente, no momento, frios um com o outro. Enfrentando uma explosão de amor por dentro. Encontrar-te e fingir que nada aconteceu, que nada esta acontecendo, que não temos nenhum assunto pendente para resolver e que não sentimos mais nada. Os nossos lábios sorriem, mas por dentro os nossos corações choram. E choram sem razão. Estamos confusos, perdidos, sem destino... Em meio a uma guerra resolvemos nos encontrar, a sós. Aguardo a sua ligação. Dia após dia. A espera de que o nosso encontro se confirme. E mais uma vez, você não ligou. Fazendo explodir um vulcão de sentimentos; incompreensíveis.

Não nasci para ser a sua amante



Encontro-me sentada agora na varanda, olhando os carros passarem lá em baixo, enrolada em um cobertor, confrontando o frio que lembra a solidão. Uma taça de vinho tenta esquentar-me, enquanto vejo o cigarro entre os meus dedos queimarem. E aquela cena acompanhando-me, repedindo-se inúmeras vezes em minha mente. O telefone ao meu lado começa a tocar, na chamada visualizo o seu nome. Silencio-o, mais uma vez. Abro em uma de suas mensagens “Oi amor, estou indo para a casa dela. Segunda lhe ligo.”, uma mensagem sem resposta. Sabendo do fato, sem querer, lhe pego no ato. Andando pela avenida, sem destino, a procura de um bar qualquer para beber e fumar, encontro você, na vitrine, jantando com ela à luz de velas. Por um momento, um pequeno momento, fiquei observando aquele “lindo casal apaixonado” jantando em uma noite qualquer. Fecho os olhos rapidamente, abaixando a cabeça e voltando para o meu mundo, que, não é ao seu lado naquela mesa de jantar. Então, caminho em direção a solidão. Perdendo a vontade de encontrar um bar qualquer para beber e fumar. Preferindo voltar para casa, para assim poder beber, fumar e chorar. Sinto que ao sair seus olhos me encontram. E esse pressentimento confirma-se no momento em que, após beber uma garrafa de vinho, o meu telefone começa a receber chamadas, com o seu nome, que tornam-se chamadas perdidas. Estou confortável aqui, perdendo as suas chamadas, não respondendo suas mensagens... olhando o seu carro estacionar em frente ao meu prédio. Desde o início sabia que seria assim. Que você seria meu de segunda a sexta-feira, quando não, eventualmente, não seria meu na sexta-feira também. Mas, como em toda segunda-feira, você retornaria. Retornaria para os meus braços... Mas chega um momento em que apenas isto não basta. Chegou o momento em que preciso de mais. Preciso de você ao meu lado de segunda a segunda, todas as manhãs ao amanhecer. Nós precisamos de mais... Cansei desta vida, desta segunda vida que vivemos em baixo dos panos; panos – estes – quentes. Infelizmente, me envolvi. Eu sei que você também se envolveu. Neste turbilhão de pensamentos a campainha toca, mas nem me mecho da cadeira. Continuo intacta, sentada no frio, enrolado no cobertor, segurando minha taça de vinho, agora vazia. Então a campainha toca mais uma vez, e outra. Até se tornar insuportável. Então você começa a bater na porta e a gritar pelo meu nome. Acendo mais um cigarro e continuo a olhar o movimento, pois eu não nasci para ser a sua amante! 


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Nossa fase ruim

Há algumas coisas que são de difícil compreensão para todos nós, especificamente para mim e para você...
Hoje, depois de tanto tempo separados, após compartilhar anos da minha vida com você, ainda não consigo compreender como o nosso amor se perdeu ao meio de tantos horários, compromissos e, por fim, ausência. Ausência essa gerada pelos horários que nos separavam, incompatíveis... Agora observo a minha agenda, reuniões em cima de reuniões, prazos, datas rabiscadas, voos marcados... ergo meus olhos um instante, para pensar em uma data qualquer de alguma reunião qualquer, e, neste instante, meus olhos cruzam com os seus, que estão radiantemente estampados, acompanhado de um lindo sorriso, em uma fotografia nossa, que ainda encontra-se pendurada na parede do escritório. Por um momento, um longo momento, perco o chão, o sentido, o odor; perco, até mesmo, as lágrimas que ainda concentravam-se dentro de mim. Em seguida fico pensando que por causa de uma discussão, devido a uma fase ruim que ambas as partes viviam,  jogamos tudo para o alto; logo pondo um fim. Rasgamos nossos planos, amassamos a escritura do terreno que estávamos prestes a comprar, jogamos fora o desenho arquiteto da nossa casa planejada, derramamos as tintas que havíamos escolhido para a sala... Nossa filha, ainda não gerada, perdeu-se na imensidão... As flores do casamento murcharam, o brinde foi derramado e os fogos de artifício jamais serão estourados... E, neste momento, estou aqui, com a minha agenda na mão, e com os olhos a chorarem por nós.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Beijo de Despedida. Ou quase isso.

Sinceramente, todo beijo - e todo abraço - deveriam ser dados como o beijo e o abraço da despedida. Já percebeste como estes são gostosos, apesar de dolorosos ? Observe as cenas de filmes e novelas. Analise a vida real. Esses beijos e abraços são apertados, são demorados, são sinceros; pois não sabemos se eles existirão novamente. Acredito que todo gesto de carinho deveria ser pensado assim: como se fosse o último, mas sem as lágrimas que insistem em cair no final. Como é gostoso o beijo do reencontro, o abraço sufocante da saudade. O beijo roubado, o beijo inesperado, e aquele esperado também. O beijo é a chave (contato físico) que abra todas as portas sentimentais. E foi por falta deles que eu lhe disse Adeus !


sábado, 28 de março de 2015

Nosso flash.

Quando observei nossos corpos já estavam encostados um ao outro, nosso olhar em pleno confronto. Eu segurava os seus cabelos e você a minha cintura. Sentia o mundo girar, e quando não mais resisti à batalha de nossos olhos, encostei a cabeça em seu peito. Você, com um gesto delicado de carinho, percebendo a minha fraqueza, acariciou-me os cabelos e beijou-me docemente na testa. Imediatamente meus braços interlaçaram o seu corpo; e você o meu. Após um longo e profundo suspiro encarei-o novamente, e em uma fração de segundos sua boca encostou-se à minha, demoradamente. Já estava entregue ao calor dos seus braços, e a cada instante me entregava mais... Você beijava-me com a delicadeza dos anjos, e eu me entregava aos céus. De repente as cenas foram-se passando rapidamente em minha mente. E quando dei-me por conta você soltou a minha mão, como quem vai embora sem dizer adeus. Eu fico paralisada, deixando você ir. E percebo que isso tudo não passou de um "flash", que nunca existiu.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Se você é real...

Eu sabia que você era real porque uma vez, e somente uma única vez, encostei em sua mão... O resto, acho que foi ilusão. Fomos nos apaixonar quando já estávamos longe, distante de tudo e do todos. E até mesmo, distantes de nós mesmo. 
Engraçado. irônico, trágico... Nomeie a nossa história como quiser, e se quiser. Não sinta-se obrigado a nada, a não ser me fazer feliz... 
Vivemos e somos um casal normal, ou quase isso... Tomamos café da manhã e almoçamos juntos, e quando o horário permite jantamos juntos também. Damos carona um para o outro de carro, ou até mesmo de avião. Quando o nosso bichinho de estimação fica doente levamos ele no veterinário, juntos. Enquanto escolho qual roupa devo usar para determinada ocasião você opina, me auxiliando na escolha. Você cuida de mim quando estou doente ou não como direito; cuida dos meus horários e sobre-horários. Debatemos sobre política, futebol, religião e educação. Temos opiniões fortes e opostas, e nem por isso discutimos ou ficamos bravos um com o outro...Engraçado, irônico, trágico... Vivemos sempre juntos, mesmo que morando em países distintos. Eu sabia que você era real, mesmo, muitas vezes, não acreditando nesta nossa  perfeição. 




quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Nossa realidade.

Mais um dia amanhece, e, novamente, levanto-me disposta a te fazer feliz.
Acordo-te com um beijo e em seguida ligo o chuveiro, para que as gotas d'água quente deliciem-se em seu corpo, como deliciei-me noite passada. Desço as escadas da nossa casa observando os quadros que encontram-se no corredor com as nossas fotografias. Todas, sem exceção, transmitem um sorriso radiante de um casal verdadeiramente apaixonado. Então, preparo o seu café da manhã preferido: Café preto, bem quente, com panquecas ao molho de banana e canela. Em cima da bancada de mármore, acompanhando a minha xícara de café preto, o Notebook ligado, a espera de mais um dia de trabalho, com histórias mirabolantes a serem elaboradas. Escuto seus passos, leves, descendo as escadas. Como todos os dias deslumbrante vestindo terno, com um sorriso encantador e com os cabelos bem penteados. Tomamos café da manhã juntos, como fazemos diariamente. Você sempre interessado ao saber sobre qual história nascerá nesta manhã, eu fazendo parte de seu trabalho. Então, ao terminar o seu café da manhã, você me dá um beijo e vai para o trabalho, quase atrasado. Observo você andando em direção a garagem, escuto você ligando o seu carro e, ao sair no portão, manifestando-se pela última vez seu adeus. Sentada, segurando minha xícara de café preto, fico estagnada pensando,  "Qual história nascerá nesta manhã", é necessário conter-me para não escrever todos os dias sobre o homem que eu sou, sim, loucamente apaixonada. Nesta referência deixo a minha xícara no chão cair e vejo-a partir-se em pedaços... Pois essa não é a nossa verdadeira realidade.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Almejar.

Queria produzir, queria inspiração. Confesso, não tinha. 
Simplesmente abri uma página em branco. Almejo relatar o quanto sinto-me desejada pelos olhos alheios. Relatar o quanto feliz estou, e cansada também. Dizer o que é proibido, inadequado, impróprio. Dizer todos os planos e estratégias que para nós criei, só para nos amar. Vomitar todo o meu amor, e revolta. Revolta por tu, que me tens ao seu lado, não me desejar como alguns olhos ocultos me desejam. Gostaria de dizer todas as propostas indecentes que me são ofertadas, e que, com medo, não aceito. Não por medo do ato, mas por medo do gosto e do desejo. Medo pela certeza de que irei pedir "bis". Gostaria de lhe mostrar a mulher incrível que habita em mim, mas a menina "inocente" sempre revela-se quando estou ao seu lado. Queria lhe dizer o quanto sinto-me envergonha quando tu beijas o meu umbigo, pedindo para que eu diga o plural de "decimal". Apesar de, no momento do ato, adorar a situação. Queria correr o mundo, mas com a certeza de que, ao retornar, lhe encontraria. Sim, confesso, também gostaria de pousar para uma revista nua. Assim como gostaria de publicar um livro. Queria pegar o carro e sair sem destino, sozinha. Mas, ao saber que sem rumo, no rumo, te encontraria. Gostaria de lhe fazer uma serenata de amor, ou de recebê-la. Gostaria de fazer amor todas as noites. Almejaria você todos os dias. Tiraria a roupa só para ver a sua reação. Ou paralisa, ou ousa. Só para me amar. Confuso, sim. Admito. Afinal, não tinha proposito algum, a não ser, almejar ! 

sábado, 25 de outubro de 2014

Você...

Ainda em casa, trabalhando online, meu celular, em cima da escrivaninha, vibra... Sim, é "ele"... Mandando-me a seguinte mensagem "Qual é a cor da sua calcinha? Estou louco para tira-lá!". Obviamente que não poderia sentir outra coisa a não ser "borboletas" a me invadirem. Então, lhe respondi: "Vermelha. E a sua espera!". E quando eu menos espero o seu carro já está em frente ao meu portão. Apenas peguei minhas chaves e fui ao seu encontro, cabelos soltos, pernas expostas. Gentilmente, você abre a porta do carro para mim, entro. Quando você retorna ao banco do motorista, um sorriso, bobo e malicioso, é trocado !! Você entra, sem nada a dizer. Enquanto isto, olho-te com olhar torto, desconfiado; por fim, safado. Sem que uma palavra fosse trocada você pega-me pelos cabelos e beija-me enlouquecidamente, passando a barba pelo meu pescoço, segurando-me firme. Daquela maneira que me enlouquece. Nos beijamos louca-e-profundamente. Saímos. Então, no quarto do Motel, subimos as escadas, eu a sua frente e você segurando-me pela nuca... Entramos, e imediatamente você joga-me na parede, fazendo com que eu beije o espelho. Com este ato, arrepio-me todinha. Você sempre segurando os meus cabelos, beijando o meu pescoço e arranhando-me com a sua barba. A outra mão em minhas pernas, que levemente você eleva. Eu já não possuo mais forças para lutar contra você, contra o nosso desejo. Você me domina. Viro-me. Então, nos encontramos, olho no olho, quando hesito em falar, você me silencia. Do seu jeito. Com sua mão firme em meus cabelos, apenas fecho os olhos. Te desejo. Em um instante já estou em seu colo, você tirando-me a roupa. E eu, sendo toda sua.