sexta-feira, 25 de julho de 2014

Triste "fim".

Doente, e ainda de cama, ele escuta passos subindo as escadas, quando sua mãe bate à porta: "Filho, posso entrar? Tem visita para você...", então ela entra, e com ela um casal de amigos. Ele sorri, jamais esperava a visita deles, mas mesmo assim continuou olhando para a porta, como se estivesse faltando alguém. Seu coração pulsou com intensidade devido àquela ansiedade. Quando, de repente, ele escuta passos levianos tocando os degraus. O coração palpitou e se acalmou. Ela apareceu na porta, sorrindo. E sem nada dizer, ele esticou sua mão, esperando sua caricia. Lentamente, ela sentou-se na cama, ao lado dele; e segurando sua mão com as duas mãos, suavemente beijou-a. Ele, com a outra mão acariciava os cabelos dela. E naquele silencioso gesto de carinho, com mil sentimentos os rodeando, perceberam que estavam sozinhos. Nenhum dos dois sabia o que falar, como se expressar. Nenhuma palavra saiu, quando uma lágrima do rosto dela vazou. Ele, cuidadosamente, enxugou e a puxou para os seus braços, para lhe dar conforto. Encostada em seu peito, ela começou a cantar "Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti, e de tristeza vou viver, e aquele adeus não pude dar..." Quando ele a interrompe, dizendo "Calma, eu estou aqui." Lentamente ela se desencosta do seu peito e olhando nos seus olhos, azuis como as águas calmas do oceano, ela diz "Sim, meu amor, mas você não pertence mais a mim... " Um breve silêncio é feito e entre o choro ela recupera o folego e continua "... Eu tive medo, muito medo de te perder. Aceitei te perder de todas as maneiras, mas não aceito te perder para a vida...". Ele, sentindo dentro do peito que aquele sentimento de amor nunca morreu, segura as mãos dela e delicadamente coloca uma mão em seu rosto e ergue o seu queixo. Ele não sabe exatamente o que dizer, quer abraçá-la, beijá-la, dizer o quanto ainda a ama. Mas não sabe se deve, não sabe se pode. Ela reparou que no seu quarto continua tudo como era antes, as fotos no espelho, na escrivaninha papéis de contabilidade e alguns pertences pessoais, e a cama, na qual eles estavam, parecia flutuar em busca de respostas que não existiam.  




quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sem relógio.




Então me pego nua em sua cama relembrando todos os orgasmos múltiplos que nesta noite tivemos, depois de tanto tempo.
Deitada, rindo sozinha, fico imaginando em qual cômodo da casa você está, ou os cômodos da casa que ontem batizamos.
Ligar o chuveiro ou fazer um café, fico constantemente em dúvida sobre quais dos dois seria mais gostoso primeiro, já que as duas opções, sem sombras de dúvidas me arrancam sorrisos, delírios e orgasmos.
Enfim, daqui a pouco, amanhã quem sabe, o relógio despertará e a nossa rotina voltará ao normal. Eu cá e você lá. Mas, e o agora? Sorrisos bobos surgem, claro. Então, crio coragem para levantar-me, querendo ficar ali por mais um, dois, três dias, ou quem sabe, até mesmo uma vida. A porta do banheiro está visível aos meus olhos, mas ir até a cozinha e ver você virando panquecas no ar com certeza é mais excitante do que tomar um banho quente, sozinha. E que sorriso que tu me deste, meu amor, ao me ver. Meu coração quase soltou pela boca. Eu, claro, fingi friamente não estar tão contente quanto, mas o olhar de malícia revelou o meu desejo. Quem sabe deixamos o café da manhã para depois e encaramos uma aventura no banheiro juntos. Obviamente o convite foi feito quando, ao sair da sala, deixei o seu roupão, o qual no momento eu vestia, cair em cima do tapete. Recentemente havia ligado o chuveiro, não tinha dado nem tempo de esquentar o ambiente, e você apareceu de repente, abrindo a porta e querendo me afogar. Me afogar em baixo do chuveiro fazendo amor. Me afogar de amor. Me afoga, por favor.
Todos os relógios haviam sido paralisados. Ao saborear suas panquecas com ovos e bacon, não sabíamos se era café da manhã, almoço ou jantar. Que delicioso fazer a primeira refeição do dia vestindo uma camisa sua, com os cabelos molhados e sentado no seu colo.
Nem sei se já era hora, ou se essa hora existia. Mas, eu precisava partir. E parti.