quinta-feira, 23 de julho de 2015

Vulcão de sentimentos

Sentimos uma eletricidade no momento em que nossas mãos se encostam, sem querer, por um instante. 
Quando nos cumprimentamos, com um abraço leve e um simples beijo no rosto, sentimos vontade de nos abraçar de verdade, com força e intensidade, e de nos beijar com ternura. Sentimos vontade de largar o mundo, ativar o modo "foda-se" e viver juntos. Mas, nada disso fizemos. Seguimos em frente, no momento, frios um com o outro. Enfrentando uma explosão de amor por dentro. Encontrar-te e fingir que nada aconteceu, que nada esta acontecendo, que não temos nenhum assunto pendente para resolver e que não sentimos mais nada. Os nossos lábios sorriem, mas por dentro os nossos corações choram. E choram sem razão. Estamos confusos, perdidos, sem destino... Em meio a uma guerra resolvemos nos encontrar, a sós. Aguardo a sua ligação. Dia após dia. A espera de que o nosso encontro se confirme. E mais uma vez, você não ligou. Fazendo explodir um vulcão de sentimentos; incompreensíveis.

Não nasci para ser a sua amante



Encontro-me sentada agora na varanda, olhando os carros passarem lá em baixo, enrolada em um cobertor, confrontando o frio que lembra a solidão. Uma taça de vinho tenta esquentar-me, enquanto vejo o cigarro entre os meus dedos queimarem. E aquela cena acompanhando-me, repedindo-se inúmeras vezes em minha mente. O telefone ao meu lado começa a tocar, na chamada visualizo o seu nome. Silencio-o, mais uma vez. Abro em uma de suas mensagens “Oi amor, estou indo para a casa dela. Segunda lhe ligo.”, uma mensagem sem resposta. Sabendo do fato, sem querer, lhe pego no ato. Andando pela avenida, sem destino, a procura de um bar qualquer para beber e fumar, encontro você, na vitrine, jantando com ela à luz de velas. Por um momento, um pequeno momento, fiquei observando aquele “lindo casal apaixonado” jantando em uma noite qualquer. Fecho os olhos rapidamente, abaixando a cabeça e voltando para o meu mundo, que, não é ao seu lado naquela mesa de jantar. Então, caminho em direção a solidão. Perdendo a vontade de encontrar um bar qualquer para beber e fumar. Preferindo voltar para casa, para assim poder beber, fumar e chorar. Sinto que ao sair seus olhos me encontram. E esse pressentimento confirma-se no momento em que, após beber uma garrafa de vinho, o meu telefone começa a receber chamadas, com o seu nome, que tornam-se chamadas perdidas. Estou confortável aqui, perdendo as suas chamadas, não respondendo suas mensagens... olhando o seu carro estacionar em frente ao meu prédio. Desde o início sabia que seria assim. Que você seria meu de segunda a sexta-feira, quando não, eventualmente, não seria meu na sexta-feira também. Mas, como em toda segunda-feira, você retornaria. Retornaria para os meus braços... Mas chega um momento em que apenas isto não basta. Chegou o momento em que preciso de mais. Preciso de você ao meu lado de segunda a segunda, todas as manhãs ao amanhecer. Nós precisamos de mais... Cansei desta vida, desta segunda vida que vivemos em baixo dos panos; panos – estes – quentes. Infelizmente, me envolvi. Eu sei que você também se envolveu. Neste turbilhão de pensamentos a campainha toca, mas nem me mecho da cadeira. Continuo intacta, sentada no frio, enrolado no cobertor, segurando minha taça de vinho, agora vazia. Então a campainha toca mais uma vez, e outra. Até se tornar insuportável. Então você começa a bater na porta e a gritar pelo meu nome. Acendo mais um cigarro e continuo a olhar o movimento, pois eu não nasci para ser a sua amante!