quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sem relógio.




Então me pego nua em sua cama relembrando todos os orgasmos múltiplos que nesta noite tivemos, depois de tanto tempo.
Deitada, rindo sozinha, fico imaginando em qual cômodo da casa você está, ou os cômodos da casa que ontem batizamos.
Ligar o chuveiro ou fazer um café, fico constantemente em dúvida sobre quais dos dois seria mais gostoso primeiro, já que as duas opções, sem sombras de dúvidas me arrancam sorrisos, delírios e orgasmos.
Enfim, daqui a pouco, amanhã quem sabe, o relógio despertará e a nossa rotina voltará ao normal. Eu cá e você lá. Mas, e o agora? Sorrisos bobos surgem, claro. Então, crio coragem para levantar-me, querendo ficar ali por mais um, dois, três dias, ou quem sabe, até mesmo uma vida. A porta do banheiro está visível aos meus olhos, mas ir até a cozinha e ver você virando panquecas no ar com certeza é mais excitante do que tomar um banho quente, sozinha. E que sorriso que tu me deste, meu amor, ao me ver. Meu coração quase soltou pela boca. Eu, claro, fingi friamente não estar tão contente quanto, mas o olhar de malícia revelou o meu desejo. Quem sabe deixamos o café da manhã para depois e encaramos uma aventura no banheiro juntos. Obviamente o convite foi feito quando, ao sair da sala, deixei o seu roupão, o qual no momento eu vestia, cair em cima do tapete. Recentemente havia ligado o chuveiro, não tinha dado nem tempo de esquentar o ambiente, e você apareceu de repente, abrindo a porta e querendo me afogar. Me afogar em baixo do chuveiro fazendo amor. Me afogar de amor. Me afoga, por favor.
Todos os relógios haviam sido paralisados. Ao saborear suas panquecas com ovos e bacon, não sabíamos se era café da manhã, almoço ou jantar. Que delicioso fazer a primeira refeição do dia vestindo uma camisa sua, com os cabelos molhados e sentado no seu colo.
Nem sei se já era hora, ou se essa hora existia. Mas, eu precisava partir. E parti.

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