sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mais uma noite.

Então chego a mais um brilhante evento. Como sempre, sozinha, e com as suas roupas passadas e penduradas no suporte do banco traseiro do carro. Estou na recepção, brilhando, cumprimentando alguns convidados e recebendo alguns fotógrafos. Você manda uma mensagem para o meu celular. "Cheguei". A moda francesa retiro-me do salão e vou ao estacionamento, onde você já me espera com o carro estacionado ao lado do meu. Entrego-lhe o terno, que com todo carinho cuidei. Do porta-luva retiro o seu perfume importado e lhe entrego. Lhe presenteio com uma gravata nova, a qual combina perfeitamente com o meu novo vestido, o qual você nem reparou. Gostaria de, posteriormente, utilizar essa gravata como algemas ou vendas em nossa cama, mas, meus olhos enchem de lágrimas no momento em que me recordo onde você estava. Você saí do carro. Perfeito. Cabelo bem penteado, terno aliado, perfumado. Com a gravata solta em volta do pescoço, solicitando-me  para que faça o nó, perfeitamente calculado, como só eu sei fazer. Mas, com aquela lembrança, faço-o de cabeça baixa, pois nos seus olhos não me enxergo mais. Você, delicadamente, poem a mão em meu queixo e levanta meu rosto. Quase em lágrimas. Respiro fundo e não contesto. Então, trancamos os carros e "encaramos" a alta sociedade. Como sempre. Ao chegarmos juntos mais flash e histórias fantasiadas publicadas no dia seguinte. Ninguém imagina o que se passa em nossas mentes naquele momento. Você, talvez, pensando no seu amante barato. Eu, pensando o quanto te amo, para tudo isto suportar. E assim vivemos de aparências. Sorrisos, poses e flash. É assim que passamos a noite toda. Até você pegar-me delicadamente pela cintura e sussurrar em meu ouvido, "Desculpas", e  dizer o quão bela estou, e que sim, que eu sou a mulher da sua vida. Claro, um sorriso radiante, mas tímido, surgiu no meu rosto e a chama do nosso amor renasceu. Pois é assim que ele vive, renascendo a cada amanhecer, ou anoitecer... Apesar de todo sofrimento ocultado. 
As luzes do salão se apagam. A festa terminou. Todos retornam aos seus palácios. Até mesmo, nós. Um em cada carro. Obviamente chego primeiro. Pois você deve ter parado em algum posto de gasolina qualquer, com a desculpa de que iria abastecer para ligar para ele. Chego em casa e preparo um banho, com perfumes de rosas e velas ao redor. Deitada na banheira escuto o barulho do seu carro na garagem estacionar. Você entra lentamente em nosso quarto, tirando a roupa que tanto lhe honra. A minha surpresa foi você entrar no banheiro e sentar-se junto a mim, na borda da banheira. Pegando meus pés e massageando-os. Encosto a minha cabeça, fechando os olhos, confesso que chorei. Você, pedindo-me desculpas. Dizendo que esta era a última noite do meu sofrimento. Sofrimento este que não deveria existir. Pois em seu outro relacionamento havia posto 0 fim. Para dedicar-se somente a mim. Como deveria ter sido feito do inicio ao fim. Não quis te olhar, não quis acreditar. Então, você mergulha comigo na banheira e jura-me amor eterno. E nos amamos, mais uma vez, com o perdão e sem fim. 




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